Eu vi a luz em um país perdido.
A minha alma é lânguida e inerme.
Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído!
No chão sumir-se, como faz um verme…
Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos d’amor, d’ais comprimidos…
Uma ternura esparsa de balidos
Sente-se esmorecer como um perfume.
Ao meu coração um peso de ferro
Eu hei-de prender na volta do mar.
Ao meu coração um peso de ferro…
Lançá-lo ao mar.
Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
Onde esperei morrer, – meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou ao caminho?
Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!…
Inútil! Calmaria. Já colheram
As velas. As bandeiras sossegaram
Que tão altas nos topes tremularam,
– Gaivotas que a voar desfaleceram.
Porque o melhor, enfim,
É não ouvir nem ver…
Passarem sobre mim
E nada me doer!
Depois da luta e depois da conquista
Fiquei só! Fora um acto antipático!
Deserta a Ilha, e no lençol aquático
Tudo verde, verde, – a perder de vista.
Tenho sonhos cruéis: n’alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente…